14 de abr. de 2011

NOVAMENTE CARNAVAL

22/02/2011
Já no próximo domingo estaremos a uma semana do Carnaval oficial aqui no Rio de Janeiro, mas festa já começou há mais de um mês com os ensaios técnicos das escolas de samba na Sapucaí e os blocos e bandas espalhados pela cidade.
É festa, e disso o carioca entende como poucos apesar de outras cidades também se orgulharem do seu carnaval. O certo é que o bicho pega aqui na nossa São Sebastião. Mesmo com a tragédia que o foi o incêndio na Cidade do Samba e a quase total destruição da Grande Rio, da União da Ilha e da Portela, as escolas certamente farão um desfile ainda mais brilhante coroando o esforço e a união de todas elas em botar na rua um grande carnaval.
Conhecendo bem o espírito de solidariedade dos cariocas podemos ter a certeza de farão isso, em que pese as ameaças da burocracia e do mercantilismo que cada vez mais transfiguram a festa num grande mercado de vaidades, ilusões e interesses escusos, fazendo do desfile das escolas na Sapucaí não uma festa popular, mas um grande e custoso show para incautos e turistas.
No dia 21 de janeiro passado provoquei uma discussão acirrada no Facebook quando escrevi em meu mural:
“O carnaval carioca "aprovincionou-se" depois que "Samba Enredo" virou "Samba de Enredo"; depois que Interprete virou Puxador (mais parecem animadores de Rodeio paulista); depois que os cantores de apoio passaram a responder em terça (modelo dupla caipira) e, para matar de vez o samba, meteram uma cadência de locomotiva, influência talvez da gauchada. Bah, tchê! Que
barbaridade! Bah, tchê! Eu quero sambá!” (E não adianta, meninada, quererem me convencer que isso não é verdade.) Talvez a única exceção seja aí em Uruguaiana.
Uma dos leitores me chamou a atenção: "Depois que puxador virou intérprete, é o que você quis dizer, não é?”
Ao que respondi: “Essa foi em homenagem ao Jamelão. Ele odiava ser chamado de puxador de samba, era interprete. Esse puxador de quem falo é aquele que berra: Vamo, que vamo!! "Arrepia a marimba!. A hora é essa! "Ai, ai ai!" E outras bobagens dessa laia”.
Outro disse que “Sambódromo é prá turistas, políticos, novos ricos e convidados. Nesta festa o carioca - MERRRRMO! - não tem mais acesso aos desfiles. É hora de reinventar o carnaval que embora rico em alegorias, nunca esteve tão pobre no que realmente conta.”
Um mais afoito opinou: “Acho que não só o prezado gaúcho tem o direito de opinar, mas qualquer outra pessoa que não seja carioca, pois os cariocas foram tão incompetentes que perderam o posto de melhor carnaval do Brasil para os baianos....”
Com o que, claro, não concordei: “Estou falando de Carnaval, o que aquela coisa baiana não é. Aquilo é ginástica aeróbica... e ruim”.
Até minha sobrinha, ai de Uruguaiana deu pitaco na discussão: “Samba tem que ser samba, cariocas não inventem moda”.
No que lhe dou toda razão. Mas... Existem sambas e sambas e o repertório das escolas este ano aqui no Rio não é dos melhores pelo menos e o que se nota ao ouvir o disco oficial da LIESA. Eu mesmo não pude discernir um único que me satisfizesse. E para piorar a produção é de péssima qualidade, uma mixórdia onde não consegue sequer diferenciar uma escola de outra.
Hoje aqui se salvam os blocos de rua que cada ano carregam mais e mais foliões e aos quais a “burrocracia” agora ameaça organizar e disciplinar. Ou seja: “Já que o povo está feliz, acabemos com a farra deles.” Minha ultima esperança é que o carnaval ai da nossa cidade seja cada vez mais uruguaianense e menos carioca. Se puder, ainda este ano confiro isso.

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