14 de abr. de 2011

CADÊ O CARNAVAL?

01/03/2011
Há dois anos atrás encerrei assim aquela que foi minha terceira coluna para a Tribuna (Olha O Samba Aí!):
“Observando isso tudo a distância me preocupa o rumo que vai sendo tomado pelo carnaval uruguaianense - segundo um cronista da terra: O terceiro do Brasil. O uso de importar o subproduto, ou até mesmo os valores, dos grandes centros a peso de ouro (sim porque ninguém irá me convencer que essa turma sai daqui do Rio para desfilar ai na fronteira a troco de nada) com o tempo abortarão o aparecimento de talentos locais que poderiam incutir personalidade ao carnaval uruguaianense fazendo dele uma festa verdadeiramente popular e não uma visão minimalista do desfile carioca. Um compacto importado do Rio de Janeiro. Carnavalescos, pensem nisso antes que seja tarde demais.”
Hoje passado tanto tempo ainda não pude me certificar da existência real de um carnaval cem por cento uruguaianenses resgatando valores, usos e costumes locais sem se tornar um genérico do carnaval carioca.
Já perguntei e ninguém soube me informar que destinos tiveram grupos e associações que foram marcantes em meados do século passado e desapareceram sem deixar ao menos registros de sua existência. Nos salões brilhavam o “Pichiche”, o “Big-Ben”, o “Pif-Paf”, blocos da classe alta e média e nas ruas reinavam absolutos os populares “Cordão de Ouro” e o “Laço do Amor”; e na folia dos blocos reinavam o “Marumbí”, a “Falsa Baiana” e a “Rainha Letícia” cercados pelos mascarados dos blocos de sujos, os esquisitos.
Pelos relatos que recebo daí noto que todos eles sumiram na poeira do tempo talvez pela ausência de seus foliões, mas mesmo assim não me esqueço daqueles antigos carnavais, mais modestos, mais mambembes, mas nem por isso menos alegres.
Quem botava o Marumbí na rua? O Joal Silva, o Nilo Silva...          
Quem botava a Falsa Baiana na rua? O Canjica, o velho Cueto, o Aymone, o Eloi, o Carvalho... Nunca esquecendo sua “musa” o João Nelson. Ah! E eu, que sempre gostei de uma gandaia.
E a Rainha Letícia?... Bem, desta tive noticias de que se divorciou há dois anos e pretende voltar à atividade. Claudinho Piegas, que noticias podes me dar da volta da rainha? Será a glória!
E as batalhas de jogo d’água nas saídas das matines do Corbacho quando, munidos de baldes e alimentados por tonéis colocados num caminhão atacávamos as gurias que saiam do cinema?
Essas mocinhas adoravam se vestir de homem, com o rosto coberto por uma fronha, portando um porrete, atacando os transeuntes com gritos estridentes. Especialistas nisso eram as Fabrício, as Borges da Costa, as Gonçalves, as Bastos e outras tantas que agora não recordo.
O mais engraçado é que essas mesmas moçoilas, à noite, se portavam como inocentes donzelas nos bailes dos clubes.      
Bem, não adianta chorar sobre o leite derramado... O que passou, passou. E vamos em frente que atrás vem gente. Este ano pretendo, finalmente, estar no Carnaval de Uruguaiana, ainda que não convidado. Não é Fred?

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