OH, SUSANA!!!
Por vezes é mais produtivo, para um escriba, ficar em casa do que zanzar pela rua buscando assunto para sua coluna. Foi o que me aconteceu durante o feriadão do Sete de Setembro.
Já na sexta feira se prenunciava um fim de semana gastronômico começando com o almoço na casa de amigos, lá mesmo em Araras onde, há quase trinta anos, Denise – minha mulher – se esconde no meio do mato, seguido de uma “pasta a pomodori” no dia seguinte e, no domingo, de uma paella no “Le Manoir”.
Já no almoço o cardápio foi prá ninguém botar defeito: Camarão com palmito "de largar tudo" e mil folhas da Pavelka (para os desinformados, a Pavelka é uma delicatessen austríaca em Petrópolis. Ponto de parada obrigatório para quem sobe a serra). Tudo isso acompanhado de vinhos de boa safra, que a adega do anfitrião é de respeito . Já a “abertura dos trabalhos” havia sido com queijos brie com cobertura de geléia de damascos. Ah... E uísque, também.
Voltei para o sitio, como dizem os paulistas: Bem “balãozinho”, ou seja, feliz... Feliz... Feliz. E seguindo a orientação do Detran, quem dirigiu foi minha mulher, que, como sempre, não bebeu... muito.
No dia seguinte acordei... ótimo e ataquei o almoço da Denise com todo o respeito merecido - duvido que alguma italiana prepare uma “pasta” melhor do que a dela - E dando continuidade à esbórnia gastronômica, tudo foi coroado com um bom vinho Trompete Bordeaux 1999, presente de um amigo, que estava envelhecendo na nossa cave.
Foi ai que a coisa começou a desandar... Fui dar um passeio no meio do mato, o tempo virou e um chuvisco me pegou de surpresa. Resultado: Espirros, nariz entupido, mas sem nenhum sinal de febre. (Afastem de mim essa suína!) À noite, ao pé da lareira, – (É verdade, aqui sempre é tempo de lareira, nem que seja para diminuir a umidade do ar) - ainda deu para brindarmos à vitoria sobre a Argentina. Ganhar de los hermanos é ótimo, agora, ver a cara de desencanto de Dieguito Maradona, não tem preço. Por falar em El Dios, notaram como esta cada vez mais parecido com a Mafalda? Melenudo, baixinho e mal humorado.
No domingo, dia programado para a tão esperada paella acordei sem condições de prosseguir no périplo gastronômico programado. Fiquei recolhido ao lar, bem agasalhado e Denise encarregou-se de representar a família no evento do Le Manoir. A idéia de ficar em casa não me pareceu das piores já que à tardinha haveria jogo do Mengão na TV. Esquentei uma comida, abri outra garrafa de vinho e fiquei fazendo hora para o tempo passar...
Foi aí que tocou o telefone. Era a Denise: - “Biu (é assim que ela me chama. Diz que é abreviatura de beautiful). Biu, tem uma pessoa aqui querendo falar contigo”.
- “Alo Jayme! E ai guri, como é que tu vais?”
Só consegui começar com um – “Bem... mas...” E a voz feminina já emendou:
- “Advinha quem está falando...!!!” Resmunguei um “sei lá” meio desconfiado e a voz continuava perguntando a mesma coisa. Perdi a paciência: - “Para com isso! Fala logo quem é você!”
- “É a Susana!” Passei em revista instantaneamente todas as Susanas por mim conhecidas e em nenhuma delas aquela voz se encaixava...
- “Susana??? Susana de onde?
- “De Uruguaiana... Susana Borges da Costa”.
Fiquei mudo de espanto. Jamais iria imaginar que a indigitada criatura, depois de mais de quarenta anos, estivesse num almoço em Araras e, justamente no dia em que eu havia feito forfait.
O que se seguiu foi um papo de malucos com todos querendo falar ao mesmo tempo e ninguém conseguindo concatenar idéias, não somente pela alegria do reencontro como também pelo fato da minha amiga estar, a aquela altura do almoço, já um pouco alegrete.
Afora o resfriado, e não fora o fato do meu Flamengo ter empatado em zero a zero, a perspectiva de, num outro dia, voltar a encontrar Susana, veio a encerrar um domingão prá ninguém botar defeito. Ainda mais que segunda feira seria feriado: 7 de setembro.
Salve Susana Borges da Costa! Muito obrigado! Se não fosses tu, guria, essa coluna hoje não existiria.
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