24 de ago. de 2009

MACAQUITOS

Casa onde falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão. Este é o ditado mais adequado ao momento que estamos vivendo com uma brigalhada geral em todos os planos da vida nacional. O congresso nacional parece um circo mambembe com artistas da pior qualidade; a mentira grassa deslavada na boca de gente que deveria primar pela decência e honestidade. Autoridades assumem atitudes debochadas, com declarações estapafúrdias, fazendo parecer que o mal de Alzheimer se instalou nas cabeças dos detentores dos cargos mais altos da nossa política; ninguém se lembra de nada, nem mesmo do que fez no dia anterior, a começar pelo Nosso Guia que, como os macaquinhos do ditado hindu, nada vê nada ouve e nada fala. Está definitivamente institucionalizada a mentira deslavada como uma atitude “republicana”, como tanto gostam de alardear os políticos “mudernos”. E o eleitor que se dane, já que todos eles estão se lixando para a opinião publica. Que Deus se apiede do Brasil.
Já o que indignou o poeta Castro Alves, que morreu prematuramente aos 24 anos, foi ver que o Novo Mundo, “talhado para as grandezas, para crescer, criar, subir”, a América, estava se constituindo num arremedo mal feito do Velho Mundo. O desaparecimento na flor da idade não lhe deu tempo para direcionar sua indignação prioritariamente ao Brasil. Imaginem só a vergonha que lhe causaríamos nos dias de hoje...
Todavia, para mim, isso não constitui nenhuma surpresa. Ao longo dos meus mais de setenta anos vividos já me conformei com o fato de ter sido enganado de ser um feliz habitante do maravilhoso “pais do futuro”. Este futuro que nunca chega, e não chegará jamais, pois nosso pais nasceu sob a maldição da mentira, da esperteza, da malandragem, do coronelismo, do fisiologismo, da negação da honradez e da ética, e de tantos outros desvios de conduta.
O Brasil, infelizmente, é um país talhado para o fracasso.

PARA OS NOSSOS POLITICOS LEREM NA CAMA:
Em 1914 RUY BARBOSA fez esse pronunciamento no Congresso Nacional:
"A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.
A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.
A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.
Essa foi a obra da República nos últimos anos”.
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P.S. Peço aos meus caros leitores que desculpem o meu desencanto.

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