8 de jul. de 2009

O PORCO MISTERIOSO


Estes tempos de gripe suína me lembraram uma historia muito atual diante do que vem acontecendo com nossos representantes em Brasília.
Um sujeito de aspecto insuspeito vinha andando por um caminho trazendo às costas um bem nutrido leitão. Caminhava tranquilamente e, ao cruzar com outras pessoas, as cumprimentava efusivamente. Os transeuntes olhavam-no talvez um pouco intrigados com aquele homem que, mesmo com aquele animal atravessado nos ombros, parecia perfeitamente à vontade. Uma figura simpática ainda que desconhecida que só não tirava o chapéu para saudá-los por ter as mãos ocupadas segurando o leitão.
Mas eis que de repente surge correndo um camponês esbaforido seguido de vários outros armados de paus e a os gritos: - Pega! Pega! Pega ladrão!!!
Ao vê-los o desconhecido para, calmamente e, quando se aproximam pergunta:
- O que está havendo, senhores? Em que posso servi-los?
- O porco... Devolva o porco que roubou de minha pocilga! Esbraveja o camponês.
- Porco?! De que porco o senhor está falando?
- Não se faça de desentendido, seu ladrão! Estou falando do meu porco, deste que esta carregando nas costas.
Aparentando enorme surpresa o ladrão, sem largar à presa, protesta:
- O que é isso? Quem foi que colocou esse bicho nas minhas costas? Socorro! Tirem ele daí... Algum inimigo tentou me comprometer. Eu até nem gosto de porco... Socorro!!!!

O noticiário político brasileiro tem trazido seguidamente à minha lembrança essa velha anedota. Nossos homens públicos estão sendo acometidos de uma inexplicável perda da memória, e não são só os mais provectos aos quais ainda poderíamos desculpar na possibilidade de estarem sofrendo os danos da senilidade. Isso até seria possível, afinal, o Mal de Halzaimmer pode, às vezes, justificar atitudes idiotas.
Sem que se rebusque na memória fatos e relatos mais antigos, coisa de um ano ou mais, podemos nos ater tão somente aos últimos dias.
O Senado da República chega a dar dó tal a quantidade fatos pregressos de suas vidas que nossos pais da Pátria teimam em relegar ao esquecimento. Proventos extras entram nas contas pessoais sem que eles, coitadinhos, tenham conhecimento. Parentes e apadrinhados são nomeados para cargos tão secretos que nem os interessados sabiam existir. Empresas são contratadas sem que ninguém disso tenha noticia nem mesmo a Receita Federal. Fortunas vêm à luz sem que lhes conheçam os donos.
A amnésia é ampla geral e irrestrita. Se eles não recordam o que fizeram há um mês nem é bom pretender que lembrem fatos muitos anos passados.
O Apedeuta de Brasília se mostra um emérito seguidor daqueles macaquinhos tradicionais: Nada ouve, nada vê e nada fala. É uma esfinge calada no meio do deserto de vergonha que se tornou a capital do pais. A bem da verdade é preciso que se diga que a esfinge quase nunca está onde deveria.
A falta de princípios e vergonha espalhou-se como erva daninha nos gramados daquela cidade que deveria ditar o padrão da compostura e ética nacional.
Os últimos fatos noticiados na imprensa mostram perspectivas ainda mais sombrias para o futuro do país.
Mais do que os mensalões; a CPI emperrada da Petrobrás; a falência da comissão de ética do Congresso no caso do deputado do castelo; as espertezas do bigodudo do Maranhão; o enriquecimento miraculoso do filho de dona Marisa; os seiscentos atos secretos do Senado; o aparelhamento das estatais é a constatação de que a herdeira presuntiva da presidência da Republica sofre da mesma amnésia a ponto de esquecer, e negar, ter participado de ações terroristas e, pasmem, cometer crime de falsa qualidade ao incluir em seu currículo títulos e diplomas que nunca teve. E, claro, ela não sabia de nada, tanto que está mandando averiguar quem foi que, sem seu conhecimento colocou esse porco nas suas costas.
Bem filosofava um político das antigas: “Ai de nós se essa m.... endireita!”

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