Aida, Carmen e Norma. Giuseppe Verdi, Georges Bizet e. Vincenzo Bellini – será que seria parente de Don Nicola Bellini, dono da sapataria de fronte às Casas Pernambucanas, onde esse escriba morava? Os compositores dessas operas teriam ficado orgulhosos de saberem-se inspiradores dos nomes de três garbosas loirinhas filhas do gerente do Banco do Brasil em Uruguaiana. Três graças e genuinamente loiras, já que naquela época ainda não havia se disseminado o surto de loiras de farmácia que hoje assola nosso país, que causavam furor numa fronteira povoada de gauchinhas “chê camba” (lindas, diga-se de passagem).
A mais jovem delas, Aida, foi minha obsessão adolescente. Companheira de classe no primeiro ano ginasial no Colégio União, ainda não era Instituto, morando a uma quadra da minha casa passava diariamente defronte à minha janela me obrigando a uma vigilância constante para desfrutar o prazer de ir para escola andando a seu lado. Já na noite anterior preparava minha pasta com meus livros e cadernos para não perder tempo quando ela apontasse em frente à Confeitaria Campana. Dali até o União seriam quatro quadras que percorreria tomado do mais puro enlevo por aquela inefável deusa linda, como lindos eram meus sonhos de candidato a conquistador. Aquela adoração durou até o dia em que vi um colega mais velho, o Xirú Gaiteiro, passar “amurado” com minha princesa de cabelos dourados. Foi meu primeiro desencanto amoroso. Depois até vieram outros, outras decepções, mas parece que nenhuma outra calou tão fundo como essa. Talvez por ter sido a primeira...
Se essa foi minha primeira decepção não foi minha primeira tentativa de conquista. Lá pela altura dos oito anos freqüentava o consultório dentário do Dr. Aguiar e um dia, aproveitando de estar sozinho na sala de espera com uma menininha, (essa não lembro quem era) roubei-lhe um beijo,,, na boca. Eta precocidade..! Como não contou para ninguém, ela deve ter gostado da experiência,
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MODERNIHA
Para que ninguém diga que sou um saudosista, ou passadista, conto uma dos tempos atuais. Tempos de atitudes politicamente corretas, de ecochatos, de “o que vão pensar de mim”, de patrulhamento ideológico, de cotas raciais, de contrapartidas sociais. Tempo em que são tão melindrosas as palavras e atitudes que, acho eu, dentro em breve será totalmente cerceada a criação artística em nome dos direitos de pseudo-minorias. Uma chatice!
Bem, um amigo meu aqui do Rio, boêmio das antigas, solteirão vivendo com a mãe, senhora já idosa e de cuidados extremos com seu “menino”, foi quem me confidenciou a seguinte historia:
- Fui a uma festa de despedida de solteiro em um sítio aqui perto do Rio, em Vargem Grande. Os vagabundos todos lá. Muita birita, cerveja, uísque, vinho e outros aditivos. A noite prometia. Muita mulher. Galera animada.
Saí de lá nem sei a que horas. Travado!
Voltando pela BR avistei aquilo que se tornou o terror dos festeiros... Uma blitz!
Apesar de ateu comecei a apelar para tudo quanto era santo. Mas... Fui sorteado.
Quando parei, tava ruim que quase atropelei o policial rodoviário...
O guarda pediu para eu descer do carro. Quase não consegui, mas desci. Aí o pesadelo aumentou. Ouvi o que qualquer bêbado teme:
- Senhor, vamos fazer o teste do bafômetro!
- Tô frito! Pensei.
De repente, os santos resolveram me atender. Um caminhão bate na outra pista e espalha toda a sua carga...
Os guardas imediatamente me dizem:
- Vá embora...! Se manda, vamos socorrer aquele acidente!!!
Eu, mais que depressa (ou pelo menos tentando), entrei no carro e fui embora. Feliz da vida. pensei: Hoje é meu dia de sorte!
Cheguei em casa, guardei o carro e, após agradecer aos santos pelo milagre, fui dormir. Tava feliz.
No outro dia, minha mãe me acorda cedinho, às 7 da manhã me perguntando:
- Roberto, meu filho, de quem é aquela viatura da polícia estacionada dentro da nossa garagem?
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