22 de mai. de 2009

CAMAN AÍ!



- Vamos brincar de caman?

Este era o convite mais ouvido entre a gurizada nos recreios no pátio do Grupo Escolar Romaguera Correia. Caman era a reprodução do que ouvíamos no cinema do pai do Corbachito quando alguém apontava uma arma e falava: - Came on, boy – nos filmes de caubói daquelas sessões inesquecíveis das duas da tarde onde o Johnny McBrown cavalgava invencível.

Naquele tempo a vida era mais fácil, mocinho era mocinho e bandido era bandido. Mocinho usava chapéu branco. Já o do bandido era preto. Cavalo de mocinho era preto ou branco, o dos índios era tobiano, o dos bandidos de qualquer outra pelagem. O xerife era honesto e o pai da mocinha um fazendeiro pobre. Já os criadores de gado nem sempre eram flores que se cheirasse. Ninguém se enganava com a aparência.

Hoje as coisas são bem mais complicadas, nem sempre os bons são bons e os maus se escondem sob pele de cordeiro, ou de cargo eletivo. As mocinhas (ainda bem!) já não são tão inocentes assim e os mocinhos quase sempre se parecem umas mocinhas. Cantor que se prezasse tinha de ter vozeirão enquanto hoje a maioria canta sussurrando em falsete. Uma gracinha... E as cantoras?... Esse um é mistério que ninguém ainda me soube explicar: Porque a maioria delas gosta mais de meninas do que de meninos? E isso não é de agora. Carlinhos Brown já cantava: “... a namorada, tem namorada.” E olhe que naquele tempo Tim Maia também advertia: “Só não vale dançar homem com homem e nem mulher com mulher”.

Talvez o que causa em mim toda essa estranheza é o fato de ser de um tempo em que, ser gay era crime. Agora passou a ser tolerado. Meu medo é que, antes que vá para o andar de cima, venha a ser obrigatório.

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PRÁ NÃO DEIXAR DE CONTAR...

Meu amigo Tramount (ele ainda anda por aí?) era torcedor doente do Sá Viana e mesmo quando ainda prestando serviço militar sempre dava um jeito de escapar das obrigações na caserna para acompanhar o time onde quer que ele jogasse.

No quartel era ficou conhecido por suas tiradas nem sempre bem recebidas por seus superiores.

Certo dia, numa das primeiras instruções aos recrutas sobre o procedimento dos militares em situações diversas, o sargento explicava que o soldado deveria sempre ceder os melhores lugares aos seus superiores colocando-se sempre à retaguarda. Terminada a explanação, perguntou:

- Soldado Tramount, vamos ver se entendeu o que ensinei. Quando o senhor for ao cinema onde irá sentar-se?

- No meio da primeira fileira, sargento.

- Ficou louco, rapaz? Não foi isso que ensinei.

- É que sou vesgo, “seu” sargento.

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O treinador do Sá Viana era um sargento do exercito (Argemi?), mas nem mesmo isso inibia nosso herói de seguir o clube onde quer que fosse.

Em certa ocasião o time foi jogar em Santa Maria e o recruta acompanhou a excursão disfarçado de massagista. O treinador, sem querer puni-lo, fez de contas que não havia notado sua presença. A coisa só complicou quando o Sá fez um gol e o Tramount foi comemorar abraçando o sargento. Voltou pendurado para Uruguaiana, em que apesar dos pedidos do restante da delegação para perdoá-lo.

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Passado um tempo foi designado para o Quartel General. Um dia servindo cafezinho para os oficiais do Estado Maior, e já estando próximo de dar baixa, saiu-se com essa ao deixar a sala carregando a bandeja:

- Senhores... Essa sopa vai acabar!

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RECADO: Zeca Velo, recebi teu email. Obrigado por ler meus escritos. Abraços para todos.

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