29 de jan. de 2009

POR ONDE ANDARÃO AGORA?

29/01/2009
Prometer é fácil, difícil é cumprir e, pior ainda, dentro de um prazo. Isso é o que acontece agora com esse escriba eventual: Aventei com Fred, nosso amigo redator-chefe, a possibilidade de algum dia escrever alguma coisa para a “Tribuna”. Disse algum dia, e ele nem esperou muito tempo para cobrar a promessa insinuada. E agora cá estou eu catando-milho no computador na tentativa de cumpri-la, enquanto constato que não me acostumo a datilografar sem o tec-tec das antigas Remingtons e Olivettis e não desisto da esperança de, com sorte, vir a descobrir nos meandros dos programas da Microsoft um que reproduza aquele ruído característico dos escritórios e das redações da era pré-informática.
Feita a cabeça da matéria vamos, como diria Odorico Paraguaçu, aos “principalmentes”.
Antes que alguém pergunte que estará fazendo um estranho nas páginas dessa folha uruguaianense devo esclarecer (sem rigidez cronológica) que, em que pese não haver nascido aqui, foi onde me criei e vivi durante muitos anos bebendo da água do Uruguai; estudando no Romaguera e depois no União; torcendo pelo Sá Viana; namorando a..., deixa pra lá, com quem mantinha uma relação conturbada e mal resolvida; tomando cafezinho no Vello e sorvete no Campana; nadando no Cortado; fazendo assaltos carnavalescos e botando bloco no salão com o Pichichê; “sapeando” livros; gibis e jornais no Tarragô; gazeteando aulas na várzea; tomando chope no quiosque; filando cigarros “Condimental” no Ivo; batendo bola no campinho do Riachuelo do Colmar Duarte; passando férias no Toropasso; carnavaleando no bloco do Marumby e na Falsa Baiana; assistindo seriados no Cine Corbacho e no Variedades; fazendo as vezes de balconista nas Casas Pernambucanas; cantando (?) quando menino pequeno na “ZYZ-6, Radio Charrua de Uruguaiana” sob o comando do Mario Pinto; onde mais tarde acompanhava os noticiários “na voz da Mario Dino Papaléo”; brigando com o Gege; fugindo dos Capistrano; chutando as canelas do gordo Felice; levando umas varadas da Dona Lucila Vello; cantando a tabuada com a Dona Lucy; dançando no Comercial, no Tênis, no Caixeral, no Laço do Amor, no Cordão de Ouro, e onde mais houvesse música e em Libres também; percanteando nas Cabritas e no Coqueiros; mateando com o Rapadura; puxando o Bloco do Vassourão com o Zé da Nova e o Bazinho; enlouquecendo as Bilicas nas disputas com o Big-Ben; escondendo-me na casa da Dona Fanny quando velho Cueto me procurava; envergando orgulhoso traje de linho S-120 feito sob medida no Fittipaldi; desenhando histórias em quadrinho nos cadernos do colégio para deleite do Alcy Tubino e desespero da professora; furtando vinho de missa e cera de vela do Padre Liberal; perturbando as novenas do Frei Daniel; quebrando o braço esquerdo três vezes num só ano; jogando sinuca no Comercial; tomando pilequinhos no bar do Coruja no Tênis; sacaneando o Pepe Caravana; incentivando as loucuras do Emeris e (inclusive) sendo expulso com ele de um baile infantil onde soltamos uma cobra no salão; caroneando na “fubica” do Coccaro nas voltas gloriosas do futebol; editando no União meu primeiro jornal (manuscrito) ”A Tocha” com seu slogan anarquista – “O que os outros jornais não trazem, A Tocha trás”; dando uma de bom moço para ganhar a confiança da mãe das gurias; implicando com minha irmã Gilda; “amurando” as alunas do Horto; escapando dos laçassos do praceiro da Rendição; trocando (e falsificando) figurinhas de jogadores de futebol do pirulito Misky, de Libres; colecionando “El Gráfico” e “O Globo Esportivo”; aprimorando os conhecimentos lendo “Patoruzu”, “El Tony”, “Billiken”, “Guri”, “Gibi” e tudo mais que aparecesse por aqui; aprendendo italiano com dona Isabela Bellini pelo método pratico, ou seja, ouvindo as broncas que dava no Homerisinho; pegando carona na carroça dos changadores que passavam pela rua em fim: Começando a viver.
De todo esse tempo guardo, e espero que outros também guardem, as melhores lembranças de uma Uruguaiana de mais de cinqüenta anos atrás. Agora aqui de longe fico catando, nas paginas da Tribuna, notícias de por onde andam aqueles amigos, se é que chegaram até aqui: o Zeca Vello, o Narley, o Glênio, o Cezimbra, o Manivela, o Afonso, o Nedo, o Tuco-Tuco, a Aida, a Zoinho, a Magra, a Bigodinho, a Noris, a Vovó, a Niura, a Maria Pia, o Tramount, o Faraco, o Pito, o Berega, o Flodoardinho, o Tijolinho, a Vera, a Laura, o Juca Almeida, o Sérgio Artur, o Aimone, o Coruja, a Lazi, o Polaco, a Zilah, a turma do Da Nova, o Bittencourt, o Dedão, o Tesseler, o Zé Doval, a Madalena, o Ângelo, a Ieda, a Vera Ione, o Tivico, a Terina, a Alicinha, a Leilah, o Chirú Gaiteiro, a escola de música da dona Cely Lisboa, a Marly, os Tarragô, os Bastos, as Bilicas, as Peró, as Marsiaj, a turma do Papaléo, o Calvi, as Botafogo, o Cuspida, o piano do Cid Gues, a musica clássica do Marini, o Osvaldo sorveteiro, a engraxataria Borboleta, as padarias onde comprava pão cabrito e vovó sentada, as “guerras” entre os Fafas, Tenquios e Ianques, o footing na Bento, a Maria Fumaça, o João Nelson, o Cirilinho, os Sanchotene, a turma da Duque, da Quinze, da Bento, da Domingos, da Sete, a gurizada do União, a turma do outro lado dos trilhos, a Minha-Veia, a Yeda, as torcidas do Ferro, do Uruguaiana e do Sá Viana, as Califórnias, o pessoal das Pernambucanas... e muito mais que já vai me fugindo da memória.
Enfim: Onde está a Uruguaiana daqueles dias?
Peço aos incautos que tenham suportado chegar até aqui que me perdoem. Esses bravos poderão se quiserem, contatar-me através do e-mail: jaymedelcueto@delcast.com. Como agradecimento tentarei, se voltar futuramente, não mais desfiar lembranças, mas necessitava saber dessa gente e de outros tantos que me escaparam à memória.
Boas Festas e Feliz 2009
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Jayme del Cueto – Produtor Cinematográfico e Ator eventual
jaymedelcueto@delcast.com.br

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