6 de jun. de 2011

A LONGA VIAGEM DE VOLTA...

...Quinze anos depois. Nunca pensei que passaria tanto tempo longe do pago mesmo com uma baita saudade da querência, mas lá se foram todos esses anos: Quinze. E não foi por falta da insistência do meu povo que todo tempo me cobrava. A culpa de tudo isso é mais do que tudo do isolamento a que Uruguaiana foi legado principalmente pela desativação das linhas férreas de passageiros em todo nosso país. Deixamos de ser uma nação integrada por ferrovias para nos transformar num país desintegrado por um transporte rodoviário imposto e deixando muito a desejar a seus usuários. E depois do sumiço da VARIG o interior do Rio Grande do Sul ficou mais distante do que a Muralha da China.
Mas este ano a Tribuna decidiu botar um fim nesse imbróglio de o del Cueto viaja, ou não viaja, e deu ordens: Venha já! E como sou bem mandado, vim.
Sair do Rio de Janeiro já foi uma aventura, uma odisséia no espaço. O vôo da Azul (ótimo) marcado para as nove horas e seis minutos, atrasou. A segurança do Obama aquele dos States, fechou o espaço aéreo do Rio de Janeiro deixando as áreas de espera dos aeroportos Galeão e Santos Dumont, onde nos estávamos, lotadas de passageiros revoltados e, pior ainda, sem que nos fosse apresentada nenhuma justificativa. Coisas do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”’. Esse transtorno e o atraso dele resultante nos levaram já em Porto Alegre, a uma desenfreada corrida de taxi entre o Salgado Filho e a Estação Rodoviária, espero eu sem maiores conseqüências para o nosso valente motorista que nos fez chegar a tempo de embarcarmos do ônibus da Planalto de meio dia e meia.
Somando-se a espera no Rio de Janeiro e a chegada na rodoviária já haviam se passado cinco horas desde que tomáramos o café da manhã - o “lanchinho” da Azul, como o de todas as aéreas não se podia levar na conta de alimentação - e por conta da correria embarcamos nos ônibus sem almoçar. Mal tivemos tempo de comprar uma caixa de Bis e duas garrafas de água mineral e já estávamos novamente em movimento em direção a Uruguaiana.
A primeira vista, embarcados num bonito ônibus da Planalto, tudo se apresentava como uma viagem de retorno confortável e divertida, em que pese eu ter achado que os pneus dianteiros do veiculo apresentavam sinais de desgaste avançado, quase carecas. Mas, segundo o motorista, estavam em condições normais de uso e, como ele é o especialista, tive de aceitar seu veredito. E nos pusemos a caminho na esperança de chegarmos ao nosso destino em poucas horas. Santa ilusão. O veiculo em que pese a estrada estar livre e em bom estado, parecia ter um acordo com uma colônia de tartarugas, se arrastando num lesmice só.
E por ai fomos estrada afora que nem chapeuzinho vermelha em busca da vovó. Foi quando a fome começou a dar sinais de que não tínhamos ainda almoçado que chegamos, depois de mais de duas horas, a Pantano Grande (até hoje não entendi de é pantano ou pântano) onde motorista parou o veiculo. Parou, mas só ele saltou. Não entendi o porquê daquilo. O homem voltou depois de alguns minutos e continuou a viajem como se sua carga não fosse de gente e sim de sacos de batatas ou outra carga qualquer impessoal. Penso que o carinha foi fazer um xixi básico sem ligar para as necessidades de seus passageiros. Fome? Que fome? Ele deve ter pensado: “Esses caras almoçam todos os dias um dia há mais ou há menos não fará falta”.
Mais duas horas de jejum e eis que surge no horizonte a “mui leal e valerosa” cidade de São Gabriel. Nossos estômagos vazios e ansiosos quase que a saudaram como sua salvadora, mas... Oh decepção! Depois de passarmos diante de vários restaurantes, churrascarias, lanchonetes, eis que nosso cinesíforo estaciona seu veiculo na rodoviária da cidade. Essa é, sem sombra de dúvidas, mais suja, abandonada e desgastada de todas as rodoviárias por onde já passei com seus banheiros imundos e uma lanchonete caindo aos pedaços, desprovida e desequipada para o fim a que se propõe. E coroando toda essa tragédia foi-nos comunicado que nosso tempo de parada se resumia a quinze minutos. Quinze minutos? Quinze minutos para alongar as pernas, ir ao banheiro e almoçar? Só se fossemos super-heróis.
Ainda assim a viagem continuou e chegamos ao nosso destino, Uruguaiana, às vinte e uma horas e trinta minutos. Nove horas de viagem. Seiscentos e quarenta quilômetros. Deslocamento a vertiginosa velocidade de setenta e um quilômetros horários. Sem comentários...

3 comentários:

  1. Anônimo11:57 AM

    ola sr;jayme!!!!!!
    procuro alguem que pode me passar informaçoes sobre alguns antigos clubes de uruguaiana como s.c universal,motorista f.b.c e operario.o senhor poderia me ajudar ou indicar alguem???
    att;douglas

    ResponderExcluir
  2. Caro Douglas
    Gostaria muito de ajuda-lo na sua busca, mas infelizmente não resido em Uruguaiana ha mais de cinquenta anos. Mesmo assim vou ver se localizo alguem que possa ajuda-lo.
    Por favor me mande um endereço de email para que possa manter contato.
    Abs
    Jayme del Cueto

    ResponderExcluir
  3. Anônimo10:38 PM

    valeu seu jayme!!!!!!!!
    meu email e www.dudatc@ibest.com.br e email mesmo nao e site,muito obrigado por responder fico no aguardo qualquer indicaçao e ou ajuda ja me e muito grata.
    att;douglas

    ResponderExcluir

Quer dar pitaco? É aqui. Obrigado por seu comentário.