Quando moramos lá nos States – sim, porque também já fizemos essa bobagem de chutar o balde e ir “fazer a América” – aprendi que os gringos são tão organizados, e quadrados, que até para se divertir existem regras e rituais. Eles não são como nós latinos que conseguimos transformar até velório em encontro social envolvendo amigos, vizinhos e desconhecidos. Parece mesmo que temos um limitador de tristezas que quando ultrapassado tudo vira festa.
Com os eles, os gringos, a coisa é bem diferente. Dia de ser feliz é o sábado, e como para eles ser feliz é comer e beber – principalmente beber - sábado é dia de encher a cara, claro que dentro dos horários pré-estabelecidos e limitados: À meia-noite a onça é solta e as ruas ficam vazias. É claro que sempre sobram alguns bêbados contumazes, mas esses são a exceção que confirma a regra.
Show, lá se inicia ainda com o dia claro e não ultrapassa as 9pm deles. Festas como a do Oscar começam as 5pm e os jogos de baseball e football (não confundir com o nosso futebol, lá chamado soccer) esportes chatos há mais não poder, são quase sempre diurnos. Até aquela história de que New York é a cidade que nunca dorme não passa de uma propaganda enganosa, se não, tente jantar depois da meia-noite. Só vai conseguir cachorro-quente, e olhe lá! Na madruga mesmo só vivem as cidades da jogatina como Las Vegas, Reno e outras exploradas pela máfia dos sete velhinhos.
Assim se um americano convidar: - Let´s fun! Já sabe que será para encher a cara dentro dos horários designados para ser feliz.
Feriado lá somente os cívicos e os históricos. Sem essa de carnaval... A coisa mais parecida com carnaval que por lá existe é o Halloween, o Dia das Bruxas, comemorado no dia 31 de outubro. É quando todo mundo se fantasia de personagens fantásticos e vai trabalhar normalmente, já que não é feriado. Eu mesmo certa vez fui atendido por um respeitável e sério funcionário da prefeitura de LA vestindo uma enorme lata de Coca-Cola. Depois do expediente eles vão passear na Main Street, sem grande demonstrações de alegria, até as 10pm quando ordeiramente voltam para seus lares assépticos e sonolentos. Um tédio...
Aqui no Brasil agora, como reflexo da globalização cultural, cada vez mais vamos assimilando usos e valores que pouco, ou nada, tem a ver com nossas raízes justificando assim o apelido que nos dão “los hermanos” latinos: Macaquitos.
É talvez no nosso linguajar diário que se nota cada vez mais essa tendência. No comércio não existe mais saldos, agora é Sale; Desconto pode ser Off; Não se faz mais entrega a domicilio, faz-se Delivery; Inauguração, é Opening; loja de comestíveis finos virou Delicatesse, ou simplesmente Delly; torta agora é Cake; biscoito é Brownie; café da manhã, Breakfast; cafezinho em reunião de empresários é Coffee-break; mas também pode Brunch; até churrasco já chamam de Barbecue; A moçada agora não risca o nome da ex, Deleta... E por aí nossa língua vai para o ralo.
Pensando nisso e com a proximidade do Halloween já em outubro foi que resolvi convidar meus poucos leitores para participar da campanha:
HALLOWEEN É O CACETE!
VIVA A CULTURA NACIONAL!
Visitem o site “mv-brasil.org.br e vamos vamos lutar juntos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Quer dar pitaco? É aqui. Obrigado por seu comentário.